segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Conde de Lautréamont


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Há quem escreva em busca de aplauso humano, por meio das nobres qualidades do coração que a imaginação inventa ou que eles podem ter. Quanto a mim, faço que meu gênio sirva para pintar as delícias da crueldade! Delícias não passageiras, artificiais; mas que começaram com o homem, e terminarão com ele. Não pode o gênio aliar-se à crueldade nas resoluções secretas da Providência? ou, por ser cruel, não se pode ter gênio? A prova será vista em minhas palavras; basta que me escuteis, se quiserdes... Perdão, pareceu-me que meus cabelos se haviam arrepiado sobre a minha cabeça; mas não foi nada, pois, com minha mão, consegui facilmente recolocá-los na posição original. Este que canta não pretende que suas cavatinas sejam uma coisa desconhecida; ao contrário, orgulha-se que os pensamentos altivos e maldosos de Maldoror estejam em todos os homens. (Fragmento do Canto Primeiro de Os Cantos de Maldoror, de Conde de Lautréamont. Tradução de Claudio Willer. Editora Iluminuras, São Paulo, 2005)

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