sábado, 5 de fevereiro de 2011

Varal com 3 poetas amapaenses com Marabaixo Batuque de Olivar Cunha



Marabaixo - Batuque, de Olivar Cunha
http://olivarcunhaarte.blogspot.com/

Alcinéa Cavalcante (Jornalista, professora e escritora. Publicou dois livros de poesia: Estrela Azul e Dez Poemas. Em 2008 publicou com Rostan Martins dois livros de causos: Sambou e Zero Voto. Publicou em 2008 Varal, com Rostan Martins e Osvaldo Simões. Participa da Coletânea Poetas, Contistas e Cronistas do Meio do Mundo. Blogueira da arte e cultura amapaense em http://alcinea-cavalcante.blogspot.com )

Noturno

A noite
eu vigio estrelas
Me embriago
de amor e luar
Passeio com Hemingway em Paris
Visito os becos de Goiás
com Cora Coralina
E com Quintana
tento descobrir
o que é que os grilos
passam a noite inteirinha fritando

Dormir
é bom de manhãzinha
Quando o sol
- ainda tímido –
pula minha janela
pra me ninar

UM

Se eu soubesse
rezar verso
esta saudade
não estaria doendo tanto
como a dor
de não ser pássaro
para flutuar no azul

DOIS

Com as cordas
do violão
fiz um
varal de poesias
e pendurei
nas estrelas

E a noite
encheu-se
de música e versos

TRÊS

Já viu, meu amigo,
uma bailarina
que não baila?

Essa aí
fica o tempo todo
na minha estante
brincando de estátua

Oswaldo Simões Filho (Jornalista e poeta, autor de “Lamento Ximango”. Publicou em 2008 Varal, com Rostan Martins e Alcinéa Cavalcante. Participa da Coletânea Poetas, Contistas e Cronistas do Meio do Mundo. Tem livros inéditos de poesias e contos. Vive no império dos fatos e no jardim da imaginação).

Bares

canta galo
que o vico ouviu
um reclame no bar
de caboclo embarcado
em merengue...

na hora em que passou
pela esquina um gato azul
o poeta soletrou
em mãos carinhosas
o futuro no café society

a cabocla jarina baixou
no canto da parisiense
e da noite mal criada reclamou...

du pedro fez preces
aos três padroeiros
para o barrigudo
continuar a fazer
carnaval na rua...

Marés dos dias

No rio
de nossa infância
passa saudade
carregando cidade
onde umbigo ontem enterrado
hoje faz visagem

No rio
de nossa infância
para se remar
precisa ter coragem
pois é preciso atravessar
quintal de lembranças
descer ladeira
no falatório da vizinhança
fazer prece em corredeira
para menina
embrulhada em camisola
onde uma vontade
se enrola

Natural

O rio
não tem farsa
é água
que enche
que vasa
como a vida
que vem
e que passa

Rostan Martins ( Poeta, escritor, radialista, arquiteto, professor universitário e mestre em Semiótica. Autor do livro Alô, alô, Amazônia. Em 2008 publicou com Alcinéa Cavalcanti dois livros de causos: Sambou e Zero Voto. Em 2008 publicou hai-kais poéticos em Varal, com Alcinéa Cavalcante e Osvaldo Simões Filho. Participa da Coletânea Poetas, Contistas e Cronistas do Meio do Mundo. Blogueiro em http://rostan.zip.net

Ao Marabaixo

Vou roubar “ladrão”
na derrubada do mastro
Gengibirra faz lastro.

Faz cair pedaço
na nuvem da murta
caldo e cachaço.

O que tu esconde?
Saia rodada? Só paixão,
nos teus coxões?

O som dos caixeiros
é o bambolear das nádegas
das marabaixeiras.
Cortação do mastro,
homem, natureza e cultura,
junto no lastro.

À Macapá

Veja a brincadeira.
esmigalho amendoim,
pelada na beira.

Moleque empina
o pássaro preto
pipa de quina.

Vem rio em rio
assistindo a proeza
Amazonas no cio.

Parte da gente,
ardente na mente.
Amor contente.

Torrão beleza,
adorável paragem
e singeleza.

Apetitoso.
lugarzinho ditoso,
talhe gostoso.

Galanteio
gabo e elogio,
reclamo e odeio.

Quem amará:
Macapá com amores,
sem prejudicar.

Tuas chuvas, heim!
Gota cai, barulha.
A parte de nós.