segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Poemas de Robert Frost




A Estrada Que Não Tomei

Duas estradas num bosque amarelo divergem:

triste por não poder seguir as duas

sendo um só viajante, muito tempo parei

olhando uma delas, até onde podia alcançar,

pois atrás das moitas ela dobrava.


Então tomei a outra que me pareceu de igual beleza,

uma vantagem talvez oferecendo

por ser cheia de grama, querendo ser pisada:

embora neste ponto o estado fôsse o mesmo

e uma, como a outra, tivesse sido usada.

E naquela manhã todas as duas tinham

folhas ainda não escurecidas pelos passos.

Ora! Guardei a primeira para um outro dia!

Mas sabendo como uma estrada leva a outra,

duvidei poder um dia voltar!


Contarei esta estória suspirando,

daqui a séculos e séculos em algum outro lugar:

duas estradas, num bosque, divergiam

e eu tomei a que era menos frequentada

e foi isso a razão de toda a diferença!


Nossa Posse do Planeta

Pedimos chuva. Não houve relâmpago nem trovão.

Não houve um vendaval. Não houve incompreensão

nem nos deram mais do que pediramos

e só por havermos a chuva pedido

não nos castigaram com enchentes e calamidades

ganhamos, isso sim, um bom aguaceiro.

Que pudemos então p'ras sementes usar.

E depois veio outro, e depois outro ainda,

para o solo esponjoso bem fértil tornar.

Podemos duvidar da justa proporção entre o bem e o mau.

Na natureza há muito contra nós, mas há o que esquecemos:

se tomarmos a natureza como é desde o início dos tempos

incluindo o ser humano, na paz e na guerra,

veremos haver algo bom a favor dos homens,

talvez uma fração de um por cento pelo menos;

ou o número dos vivos não viria crescendo sempre

nem nossa posse do planeta teria aumentado tanto.

Robert Lee Frost (San Francisco, Califórnia, 26 de março de 1874 - 29 de janeiro de 1963) foi um dos mais importantes poetas dos Estados Unidos do século XX. Frost recebeu quatro prêmios Pulitzer. A produção literária de Frost é variada e abundante. Sua poesia inclui sonetos, poemas em forma de diálogo, poemas curtos, poemas longos. Escreveu três peças teatrais (A Way Out, In an Art Factory e The Guardeen). São numerosíssimos os registros de suas conferências. A correspondência, os ensaios e as histórias merecem o mesmo comentário. Frost tem a capacidade de dar um tratamento simples e ao mesmo tempo profundo a temas elementares (fogo, gelo, natureza), tirando verdadeiras "lições de moral" de suas observações do mundo natural (lições nem sempre otimistas, como se pode notar em Nothing Gold Can Stay). Tal traço, aliado à modernidade de sua linguagem (Frost era um defensor do uso da linguagem vernácula nas obras literárias), fez com que Frost jamais deixasse de figurar entre os escritores prediletos dos norte-americanos, ao lado de nomes como Whitman, Emerson e Thoreau. Seu poema The Road Not Taken é peça obrigatória em qualquer antologia poética de língua inglesa. Prova adicional de sua popularidade são as várias referências em filmes como Sociedade dos Poetas Mortos e Daunbailó.
(pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Frost)

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