quarta-feira, 12 de março de 2008



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Dois Poemas em Flores do Mal
Charles Baudelaire

Música

A música me leva como um mar amargo!
À meu pálido astro,
sob um teto de bruma ou por éter largo,
iço a vela ao mastro

O peito para a frente e os pulmões já inflados
tal qual uma tela,
subo o dorso dos vagalhões amontoados
que a noite me vela

Sinto vibrar em mim o tropel das paixões
de uma nave sofrendo;
o bom vento, a tormenta e suas convulsões

Sobre o abismo horrendo me embalam.
Outra vez na calma ela é o reflexo
do meu ser perplexo.

Uma gravura Fantástica

Outro enfeite não tem este espectro faceto
a lhe dourar grotesco a fronte de esqueleto
senão diadema cruel de carnaval.
Sem espora ou chicote,exaure o seu bagual,
como ele fantasmal, rocim de bruxaria,
a narina a escorrer como na epilepsia,
e mergulham os dois pelo infinito espaço,
e calcam o amplo céu com seu incerto passo.
O cavaleiro estende um sabre que flameja
sobre as turbas sem nome e que assim esquarteja,
percorre como um rei, inspecionando a casa,
o cemitério imenso em que não arde brasa,
em que repousa à luz de um sol pálido e tenro
quanto povo existiu desde o antigo ao moderno.

Um comentário:

Mariana Létti disse...

Tá lindo o blog Zé!!! Parabéns!!!
=)