segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Martha Medeiros - Cartas Extraviadas



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Martha Medeiros é colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro. Trabalhou em propaganda e publicidade, mas logo se sentiu frustrada com a carreira. Quando seu marido recebeu uma proposta de trabalho no Chile, decidiu que uma mudança de país seria uma ótima oportunidade para dar um tempo na profissão. Esta estada de nove meses no Chile, na qual passou escrevendo poesia, acabou sendo um divisor de águas na sua vida. Quando voltou para Porto Alegre, começou a escrever crônicas para jornal e, a partir daí, sua carreira literária deslanchou. http://pt.wikipedia.org/wiki/Martha_Medeiros


minha desilusão e desejo foram folhetinescos
eu fui uma maria louca, uma ana das lágrimas
personagens cujos nomes trazem um destino
fui tereza dos anjos, vera das cruzes
chorei mais que em uma novela das oito
glória dos aflitos, santa dos mistérios
sofri em silêncio e aos gritos
rita das trevas, cássia das dores, rosa noturna
fui uma fátima de todos os lamentos
até que um dia me vi atendida em meus pedidos
sem prévio aviso não havia mais sufoco em meu peito
nem homem algum no pensamento
rebatizada: helena das flores, clara do sol
doeu também o amor deposto
visto que todo sentimento que some também é abandono
mas respiro melhor como rosa dos ventos, serena da silva

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deixei cair a santa de gesso, espatifou no chão, a santa
não sei que santa era aquela que me foi dada
não tive curiosidade de saber, e ela quebrou no chão
antes de eu descobrir que tipo de proteção me aguardava

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dia após dia o mesmo prato requentado
tarde da noite e nada aconteceu
desperto no escuro ainda é cedo pra acreditar
que vai haver futuro e que vale a pena
esperar de banho tomado

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