quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Ano Novo e Esperança





Meia noite. Fim

de um ano, início

de outro. Olho o céu:

nenhum indício.


Olho o céu:

o abismo vence o

olhar. O mesmo

espantoso

silêncio


Da via láctea feito

um ectoplasma

sobre a minha cabeça:

nada ali indica

que um ano novo começa:

nada ali indica

que um ano novo começa:


E não começa

nem no céu nem no chão

do planeta:

começa no coração.


Começa como a esperança

de vida melhor

que entre os astros

não se escuta

nem se vê

nem pode haver;

que isso é coisa de Homem

esse bicho

estrelar

que soma

(e luta)





Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano

vive uma louca chamada Esperança

e ela pensa que quando todas as sirenas

todas as buzinas

todos os reco-recos tocarem

- Ó delicioso vôo!

Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,

outra vez criança...

e em torno dela indagará o povo:


- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?

E ela lhe dirá

(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)

Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:

- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

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