domingo, 17 de fevereiro de 2008


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O VAMPIRO DE RAPUNZEL
ao Jorge Mautner

Essa chuva cinza a noite
molhando o pássaro imprevisível
na sua obsessão de horizontes
sinuosos & na arquitetura de querubim

Alçar entre silabas bilabiais
o que secreta o nariz de Rapunzel
Relâmpagos e nuvens de enxofre
perseguem o Lázaro triste e cego
ruminando a vã filosofia do ego
na chuva cinza
desabando na cidade

Meia-noite e um suspiro
o Vampiro veste seu colete grená
e sai à procura de suspense
surpresa e horror
Rapunzel em sua Torre de Babel
beberica o último gole de Fogo Paulista
desembaraçando as madeixas de menina rica
escuta o sax fogoso
que vem no vento
ensaia a risada de ninfeta ninfômona
e espera displicentemente
pelo Príncipe da Noite

Chove a noite cinza
os querubins se embriagam de veneno
quando o maldito vagueia o solar
_ Rapunzel, Rapunzel joga as transas!
Um papelote de cocaína
cai de seu decote
& o sax solene corta o silêncio

O Vampiro reverencia a chuva
e sobe no elevador do calabouço
levando uvas no pescoço
para curar o quebranto de Rapunzel.

A noite cinza de sussurros
parece um ranger de asas
um conto de Edgar Alan Poe
e quem não tem vinho e nem virtude
se contenta com o vício
de Charles Baudelaire
Les Fleurs du Mal

Um comentário:

Alcinéa Cavalcante disse...

Finalmente você aderiu à blogosfera.
Parabéns pelo blog e vou logo avisando que todos os dias estarei aqui te lendo, matando saudades...
Sabe o que estava relendo hoje? O Xarda Misturada. Por onde anda o Montoril, hein?
Grande beijo.