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Dois poemas de Vladimir Maiakovski
ALGUM DIA VOCÊ PODERIA?
Manchei o mapa cotidiano
jogando-lhe tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato
as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?
A FLAUTA-VÉRTEBRA
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balanço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verte a alegria.
Esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
ALGUM DIA VOCÊ PODERIA?
Manchei o mapa cotidiano
jogando-lhe tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato
as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?
A FLAUTA-VÉRTEBRA
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balanço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verte a alegria.
Esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
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