domingo, 20 de dezembro de 2009

Jorge de Lima - Poemas de Natal



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Jorge de Lima nasceu em Alagoas, em 1893. Fez os primeiros estudos em sua cidade, União, e depois em Maceió, no Colégio dos Irmãos Maristas. Estudou Medicina em Salvador, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde defendeu tese sobre os serviços de higiene na capital federal. Ainda estudante de Medicina, publicou seu primeiro livro, XIV Alexandrinos (1914). Após ter se formado, retornou a Maceió. Sem jamais ter abandonado a Medicina, lecionou na Escola Normal Estadual da cidade, chegando a ser diretor. Ocupou outros cargos públicos estaduais, como Diretor-Geral da Instrução Pública e Saúde e Deputado, além de manter constante seu interesse pelas artes plásticas.Em 1930, transfere-se, definitivamente, para o Rio de Janeiro, onde clinica e leciona Literatura Brasileira, nas Universidades do Brasil e do Distrito Federal. Em 1925 foi eleito vereador, ocupando, três anos mais tarde, a presidência da Câmara, no Rio de Janeiro. Assinalou a polimórfica trajetória com muitos e sucessivos rótulos estéticos: modernista, regionalista, nativista, “cantor da poesia negra e do folclore”, neo-simbolista, místico-realista, “poeta cristão.” ·Sua obra mais conhecida, "Essa negra Fulô", foi publicada em seu livro "Novos Poemas". Faleceu, no Rio de Janeiro, em 1953.

Poema de Natal

Era um Natal. E um poema de alegria
escrito pela mão que se iludia

E nele havia dádiva do dia
e nele havia sinos acordados;

e havia nele tudo o que se espera
com seus anseios sempre contrariados

só lhe faltava o que ninguém sabia
porque ficara n’alma o que fizera.

Poema de Natal

Era um poema freqüente
repetido
com o menino nos braços
de uma virgem
Desse poema presente
e sempre ouvido,
os tempos e os espaços
tinham origem
pois à origem do poema
sempre havia
essa virgem e o infante
e a poesia.
E era o início e era a extrema
da criação,
era o eterno e era o instante
da canção.

Natal

Feliz de quem, quando o ano termina,
possui um doce e acolhedor abrigo:
a companheira, o filho, a avó tão rara
ou mesmo o amigo
com quem possa se reunir em Cristo
e sua vida interior desperte viva
de dentro de si uma alma de São Francisco
o amor generoso, o heroísmo estranho
de beijar um leproso.

De lembrar-se de que há no mundo
criaturas de Deus pelo Natal
sem companheira, e sem a avó tão rara
e sem um beijo da mãe ou um beijo de filho,
e até um livro que substitua o amigo.

Feliz de quem, quando o ano termina,
pode ver a estrela no céu
e tem olhos ainda
para encontrar Jesus.

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