As Ninféias, 1916 - Claude Monet
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José Américo Pessanha - Foi professor de Filosofia da UFRJ. Publicou: "Bachelard e Monet: do olhar à reflexão", no Caderno Cinza do Rio Arte e "Itinerário da Paixão" (Sobre Clarice Lispector) e "Camus: o absurdo na paisagem", edição Cadernos Brasileiros.
Investigador das duas vertentes da imaginação – a imaginação científica e a imaginação artística -, Gaston Bachelard (1884-1962) reavalia o papel do olhar na construção do imaginário. Denuncia o ocularismo da cultura ocidental e mostra que o vocabulário básico da ciência e da filosofia está marcado pela hegemonia da visão. O “novo espírito científico” exige, porém, o reexame do pressuposto ocularista, que tendera a fazer da realidade um espetáculo a ser contemplado: o fenômeno não é mais propriamente “descoberto”, antes “inventado”, subentendendo uma fenomenotécnica, que revaloriza a noção de manualidade.
Bachelard mostra a existência de uma imaginação material ao lado da imaginação formal, baseada na visão. A imaginação material resulta de nossa inserção enquanto corpo no corpo do mundo e alimenta um imaginário que trasparece sobretudo nos devaneios, na arte, na filosofia. Esse imaginário resgata o valor da “mão que sonha” e produz realidades artísticas, quer movida pela vontade de criar que a leva a enfrentar a resistência do mundo (na escultura), quer gerando novas realidades por meios “alqímicos” (na gravura, na pintura).
Claude Monet (1840-1926) é interpretado por Bachelard. Monet – “é apenas um olho, mas que olho!”, exclama Cézanne – é talvez o maior dos impressionistas. Pinta paisagens, tentando captar o percurso do tempo pela captação da luz de cada instante. E pinta reflexos de paisagens em águas tranqüilas ou encrespadas. Parece passar do instante do olhar da reflexão, ali onde arte e filosofia se aproximam na fronteira entre o fugaz e o permanente. ( Texto extraído de O Olhar. Funarte/Núcleo de Estudos e Pesquisas, 1988 )
Investigador das duas vertentes da imaginação – a imaginação científica e a imaginação artística -, Gaston Bachelard (1884-1962) reavalia o papel do olhar na construção do imaginário. Denuncia o ocularismo da cultura ocidental e mostra que o vocabulário básico da ciência e da filosofia está marcado pela hegemonia da visão. O “novo espírito científico” exige, porém, o reexame do pressuposto ocularista, que tendera a fazer da realidade um espetáculo a ser contemplado: o fenômeno não é mais propriamente “descoberto”, antes “inventado”, subentendendo uma fenomenotécnica, que revaloriza a noção de manualidade.
Bachelard mostra a existência de uma imaginação material ao lado da imaginação formal, baseada na visão. A imaginação material resulta de nossa inserção enquanto corpo no corpo do mundo e alimenta um imaginário que trasparece sobretudo nos devaneios, na arte, na filosofia. Esse imaginário resgata o valor da “mão que sonha” e produz realidades artísticas, quer movida pela vontade de criar que a leva a enfrentar a resistência do mundo (na escultura), quer gerando novas realidades por meios “alqímicos” (na gravura, na pintura).
Claude Monet (1840-1926) é interpretado por Bachelard. Monet – “é apenas um olho, mas que olho!”, exclama Cézanne – é talvez o maior dos impressionistas. Pinta paisagens, tentando captar o percurso do tempo pela captação da luz de cada instante. E pinta reflexos de paisagens em águas tranqüilas ou encrespadas. Parece passar do instante do olhar da reflexão, ali onde arte e filosofia se aproximam na fronteira entre o fugaz e o permanente. ( Texto extraído de O Olhar. Funarte/Núcleo de Estudos e Pesquisas, 1988 )
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