sábado, 30 de agosto de 2008

"A arte é a definição de arte" - Joseph Kosuth



David Beckham de Lagrenné

http://www.worth1000.com/cache/gallery/contestcache.asp?contest_id=3253&display=photoshop

"A arte não reproduz o visível, mas torna visível" - Paul Klee


"A arte sempre estará viva, enquanto expressão indispensável da experiência humana, enquanto importante meio de comunicação" - Anton Pevsner e Naum Gabo (manifesto)


"A arte é uma abstração. Tire-a da natureza e sonhe diante dela" - Paul Gauguin


"A arte é uma grande consoladora e aplacadora, ela representa a compensação mais preciosa das insuficiência da existência" - Sigmund Freud


"A arte é uma das condições para a realização do homem por si mesmo" - Christopher Caudwell


"A arte é o homem somado à natureza" - Van Gogh


"A arte é o falso" - Edgar Degas


"Arte = Homem" - Joseph Beuys


"A arte é também história. E expressa a nossa humanidade. A arte é intemporal, embora guarde a fisionomia de cada época(...) A criação é um desdobramento contínuo, em uníssono com a vida. A verdade da obra de arte é a expressão que ela nos transmite. Nada mais do que isso!" - Iberê Camargo


"A arte é transformar a própria vivência existencial, o próprio cotidiano, em expressão, uma aspiração que se poderia chamar de mágica tal a transmutação que visa operar no modo de ser humano, e da qual estão por certo afastados quaisquer teoria de ordem naturalista" - Hélio Oiticica
(Revista Discutindo Arte. Escala Educacional, 2007.)


sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Poemas do Zoo Inconsútil- José Edson dos Santos


http://www.amazoniavista.com.br/fotos

A Cobra e o Rato


- Para que realmente tenhas prazer e piedade,
não esqueças quando olhares a noite,
que serei uma estrela de cauda incandescente,
disse o Rato quando era devorado pela Cobra.


A Cobra sem remorso ou comoção
se deliciava com avidez e ironia:
- E serei todo o firmamento
a envolver o teu brilho opaco
e por mais que tentes tersiversar
fatalmente te encontrarás perdido
e nada mais...


O Broxar do Jacaré

Depois de dulcinicamente assassinar o Torquato

na Gargântua dos Duendes Silibrinos

(exercício cínico de criação coletílica)

o Jacaré apresentou

uma diamba capeta

à Sucuri serelepe e multicolorida

e foram beber a lua de úbere

que se desmanchava

na avenida L-2.


Prontamente

a lombra bateu nos sentidos

levando os dois nefelibatas

ao itinerário letárgico

do Grande Circular.


Doida noite desceu

na soturna boca do desvario

pela Asa Norte de sordidez

derrubaram cervas e vodcas

para chatear os infortúnios da virtude

e lembrar que o pecado

morava ao lado da kitchenette kitsch

que servia de studio e alcova.


A noite assobiava sendas e vícios

sob a fuligem dos viadutos e

os aviãozinhos rondavam as mesas

como se dissessem assim com o olhar:

- Olhaí, bacana, tem do branco

e tem do preto, tá a fim?

- Nada disso pau-de-rato!

Quando se paparica uma xotinha

não se perde a oportunidade

impunemente

nem pelo reino da lata!

Contra-ataca o Jacaré de relance.


A Sucuri suspira sua provocação ofídia

antes de dar o bote fatal

segura a mão do Jacaré

e maliciosamente deixa em cima

de sua xuranha orvalhada.


O Alligator de caralho duro

meio desprevenido

dá um uivo de tesão

antes de entrar no jogo

amoroso em pleno bar,


Sexta-feira bastarda

o garçom chega de repente

com a conta para cortar a onda

dizendo que irá fechar.


A Sucuri desapontada e cínica

retoca o batom carmim na boca,

olha o garçom com desprezo

e sentencia lacônica:

- Paga a conta, Jacaré!


Na kitsch kitchenette

o Alligator sob o abajur azul

e o David Sanborn na vitrola

descobre a constatação ululante

um Crocodilo e uma Cobra

sedentos de libidinagem

quando atravessam a madrugada bebendo

acabam ficando um caco sem pique.


Na hora de dar no couro

o Jacaré sente o drama freudiano

e brocha geral.


A Sucuri amuada e sonolenta
se vira de lado

e finaliza decisiva:

- Amanhã, não quero ver mais a tua cara, Jacaré!...
(Do livro Bolero em Noite Cinza, Da Anta Casa Editora. Brasília, 1995)






quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Poemas de Carla Andrade


http://www.algumapoesia.com.br/

Carla Andrade é mineira de Belo Horizonte. Mora em Brasília há sete anos, onde trabalha como jornalista. Publicou Conjugação de Pingos de Chuva pela LGE Editora. Brasília, 2007. Alguns de seus poemas foram premiados em concursos em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Para a jornalista e poeta Angélica Torres Lima, “Carla tem na voz um eco de infância outro de adolescência, e os dois tempos tramados dão à sua linguagem maturescente um hipnótico encanto. Quando se lê os versos dela, o dia segue mais fluido, a luz mais juvenil. Lê-lo de noite, então, é certo sentir a vida mais leve, as possibilidades do novo nas mãos”.

Como hipnotizar anzóis no tempo

Enfeitice
peões de mulheres
fantasiadas de nós
em chuvas
musicadas ao avesso.

Trance
o destino
bem acima
da última curva
dos ventos.

Liberte
o tropel de
tangos
das vertigens
adormecidas
em sonetos.

E por último
faça um agrado
como um sopro divino,
aos ogros verdes
da saudade.

Se tudo
resultar em nada
descanse os olhos
nas estrelas
aliviadas de brilho
sem respostas.

Jardim dos elos

Tento contar quantas
(tantas) borboletas
há em você.

Inquietas,
de cores extintas
sem sensores.

Mas aí, vêm seus grilos
de ressaca de breu
- não se calam,
(me confundem).

E há também libélulas,
a emudecer o silêncio
dos grilos com voz
de reticências,
pétalas.

Existe você
castelo de torre,
espera.

No calabouço, serpente,
botes de palavras.
Palavras...

Não sei contar
grilos,
borboletas,
libélulas.



Mas aprecio
o mistério da
dança das asas
sem norte.

Mural dos deuses

Neste nenhum
trocadilho da alma
há insônia de Baco.

Há o profano em
células,
cume de ossos,
em câncer,
trópicos.

O eterno na esquina,
no tráfego das mãos,
na romaria de dúvidas.

O fogo de cupim:
no celebro e sexo.

Há babas no mar
em despedidas de trovões
ressaca de barcos
no veludo de vozes.
O humano a se render.

Nos homens, a morte
imersa na arte.
Léxico dos deuses
Sopro com sede
No inferno.

Nos homens,
a pitada da ironia:
ser divino em pele de fungos,
em bactérias de dor,
em cascas do tempo.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

SOLARIS


www.portalbrasil.net

P r o j e t o P o r t a l

A revista Portal Solaris — primeiro número do Projeto Portal, coordenado por Nelson de Oliveira — traz contos inquietantes que vão do universo da ficção científica ao do fantástico, passando pelo da fantasia.
São catorze narrativas sobre novas tecnologias, viagens no tempo, ciberespaço, telepatia, contatos imediatos do terceiro grau, pós-apocalipse, pós-humano, utopias e distopias, de dez autores contemporâneos de sete Estados brasileiros.
O Projeto Portal prevê seis números, com periodicidade semestral. Cada número homenageará, no título, uma obra célebre da ficção científica: Solaris, Neuromancer, Stalker, Fundação, 2001 e Fahrenheit.
Os contistas da Portal Solaris são: Ataíde Tartari (SP), Carlos Emílio C. Lima (CE), Carlos Ribeiro (BA), Geraldo Lima (DF), Homero Gomes (PR), Ivan Hegenberg (SP), Luiz Bras (MS), Mayrant Gallo (BA), Roberto de Sousa Causo (SP) e Rogers Silva (MG).


P o r t a l S o l a r i s

revisão: Mirtes Leal • diagramação: Raquel Ribeiro
capa: Teo Adorno • formato: 16 x 23 cm
impressão: uma cor • tiragem: 200 exemplares

oliveira.e.cia@uol.com.br