Quem já se sensibilizou com o humanismo de Máximo Gorki presente no romance A Mãe, certamente relaciona a coragem e a ternura de outras mães, como as eternizadas por Bertold Brecht, Torquato Neto, entre outros, como o bardo deste blog.
Mãe Coragem (Torquato Neto)
Mamãe mamãe não chore
a vida é ssim mesmo
eu fui embora
Mamãe mamãe não chore
eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe mamãe não chore
a vida é assim mesmo
é isso aqui
Mamãe mamãe não chore
pegue uns panos para lavar
leia um romance
veja as contas do mercado
pague as prestações
- Ser mãe
é desdobrar fibra por fibra
os corações dos filhos
seja feliz
seja feliz
Mamãe mamãe não chore
eu quero eu posso eu fiz eu quis
Mamãe seja feliz
Mamãe mamãe não chore
não chore nunca mais não adianta
eu tenho um beijo preso na garganta
eu tenho um jeito de quem não se espanta
(braços de ouro vale dez milhões)
Eu tenho corações fora do peito
Mamãe não chore, não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar leia um romance
Leia Alzira, a morta virgem
O grande industrial
Eu por aqui vou indo muito bem
de vez em quando brinco o carnaval
e vou vivendo assim: felicidade
na cidade que eu plantei pra mim
e que não tem mais fim
não tem mais fim
não tem mais fim
(Gravado no disco Tropicália ou Panis et circensis (1968), por Gal Costa)
Dia Santo de Chorar na Chuva
José Edson dos SantosMãe Coragem (Torquato Neto)
Mamãe mamãe não chore
a vida é ssim mesmo
eu fui embora
Mamãe mamãe não chore
eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe mamãe não chore
a vida é assim mesmo
é isso aqui
Mamãe mamãe não chore
pegue uns panos para lavar
leia um romance
veja as contas do mercado
pague as prestações
- Ser mãe
é desdobrar fibra por fibra
os corações dos filhos
seja feliz
seja feliz
Mamãe mamãe não chore
eu quero eu posso eu fiz eu quis
Mamãe seja feliz
Mamãe mamãe não chore
não chore nunca mais não adianta
eu tenho um beijo preso na garganta
eu tenho um jeito de quem não se espanta
(braços de ouro vale dez milhões)
Eu tenho corações fora do peito
Mamãe não chore, não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar leia um romance
Leia Alzira, a morta virgem
O grande industrial
Eu por aqui vou indo muito bem
de vez em quando brinco o carnaval
e vou vivendo assim: felicidade
na cidade que eu plantei pra mim
e que não tem mais fim
não tem mais fim
não tem mais fim
(Gravado no disco Tropicália ou Panis et circensis (1968), por Gal Costa)
Dia Santo de Chorar na Chuva
Sentimento ameríndio marajoara
trouxe dor de garganta e quebranto
A certeira injeção no glúteo panema
espanta gralha que entoa loas
ao lema da curandeira esmaecida
O sol soletra língua de sal na orelha
lambe insensatez na tarde covarde
beber crepúsculo de anilina em mim
Lugar no mapa da rua que não tem mais nada
traz a mão gelada da mãe morta no rosto
conforta a solidão no vento do fim de setembro
Lembro descer as escadas da quatrocentos e seis norte
tecendo considerações de toda sorte às pequenas esperanças
E dona Antonia América não esperou o dia das crianças
nem viu descobrimento no dia santo de chorar na chuva.
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