sábado, 1 de maio de 2010

Da Poética Candanga - Poesia Sobre Poesia(Climério Ferreira)





Climério Ferreira, poeta e letrista da mpb, nasceu em Angical do Piauí, em março de 43. Publicou os livros de poesia: Memórias do Bar do Pedro & Outras Canções, Canto do Retiro, A Gente e a Pantasma da Gente, Essa Gente (c/Duarte), Artesanato Existencial, Pretéritas Canções, e Memorial de Mim.

Da Poética Candanga – poesia sobre poesia é composto de poemas de Climério Ferreira sobre a poesia dos poetas brasilienses: Aglaia Souza, Alexandre Marino, Aloísio Brandão, Altino Caixeta de Castro, Ana Maria Lopes, Anderson Braga Horta, Angélica Torres, Antonio Carlos Osório, Ariosto Teixeira, Bené Fonteles, Carlos Marchi, Cassiano Nunes, Clodo Ferreira, Cristina Bastos, Domingos Carvalho da Silva, Domingos Pereira Neto, Eudoro Augusto, Ézio Pires, Fernando Mendes Viana, Francisco Alvim, Guido Heleno, Hélio Póvoas Júnior, Hermenegildo Bastos, Hugo Mund Júnior, Joanyr de Oliveira, João Carlos Taveira, José Edson dos Santos, José Santiago Naud, Lilia Diniz, Lourdes Teodoro, Luiz Martins da Silva, Luiz Turiba, Maju Guimarães, Menezes y Morais, Nicolas Behr, Noélia Ribeiro, Oswaldino Marques, Paulo Bertran, Paulo José Cunha, Paulo Tovar, Pedro Tierra, Ramsés Ramos, Reynaldo Jardim, Salomão de Sousa, Tânia Kedma, Tita Lima, Vera Americano, Vicente Sá, Xênia Antunes.

As releituras da Poética Candanga - Poesia sobre Poesia, de Climério Ferreira, edição Casa das Musas com Apoio do Açougue Cultural T-Bone, segundo o poeta e compositor "Tudo começou de brincadeira com Eu Quero Ser Chico Alvim. Veio então a ideia de trabalhar com os versos de alguns poetas brasilienses, tendo como método a produção de poemas sobre a poesia de cada um deles, aproveitando os versos, compondo versos de ligação, invertendo-lhes de vez em quando o sentido original.
Predominou o caráter subjetivo das escolhas, nascidas da admiração, da amizade e (por que não?) da inveja – no bom sentido – que o autor nutre por cada um dos poetas e a beleza indiscutível dos seus versos. Da Poética Candanga significa uma pequena gota no imenso oceano da poesia de Brasília. Em verdade, deseja ser uma despretensiosa homenagem do autor à cidade e seus poetas"
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Falar o necessário
esquartejar os labirintos
estilhaçar as retinas
Essa madrugada atravessada no abismo
da solidão das ruas frias
labora a invenção do silêncio
O ardiloso trabalho das palavras
perfura a couraça do tempo (JOSÉ EDSON DOS SANTOS)
Há quem permita a contemplação do ser
Há quem contenha tal beleza
Há quem se aproxime do ser perfeito
Serei parte dessa fartura
que fabrica alfais de garças em voo
É que medói a saudade do mar
se a poesia está fora de mim
É quando se anula o ser
que se desintrega no nada (MAJU GUIMARAENS)
Seguiremos a estrela
é chegada a hora
os pássaros trabalham sua cantiga
e curam as cicatrizes dos amores que tive
Eu, cúmplice de mim,
sigo a plenitude de cada momento
pois o tempo escorre no olho de Deus
Inda verei muitas luas
não tente impedir meu caminho (MENEZES Y MORAIS)
Há nesta cidade uma oficina
em que se trabalha ferro e vontade
Há uma oficina no sangue do povo
na qual se malha com ternura
As mãos em silêncio plantam a liberdade
pois se esgotou o tempo de consentir
Fui poeta e gritei metal fundido
continuo convertendo a noite em semente
Fui poeta e sobrevivi (PEDRO TIERRA)
Às vezes ando
com a loucura pousada nos ombros
Outras vezes sinto saudade da vida
tem cada alminha sem graça
Faz nove anos que ele morreu
a cidade nem mudou tanto
a tarde flutua no quintal
e o cheiro do café invade a cozinha
Morrer não é desculpa pra não rever os amigos (VICENTE SÁ)