http://www.google.com/images
Depois do café apressado no Grão de Pólen, do cigarro sedentário fumegado no preâmbulo matinal, da hipocondria que teimava em ficar remoendo um fatídico filme familiar, entro no elevador sozinho e deparo com Arlete, a síndica do prédio, como se estivesse substituindo a assessorista de minhas emoções subliminares. Ela se posiciona em minha frente dominadora para sussurrar próximo da orelha onde ostento um percing colocado por Eva Célia. Ontem a noite foi porreta, ela diz com a voz de Salomé, acionando o botão da porta impaciente. Fico encabulado mais ainda consigo contrapor com certo cinismo:
- Arlete, sua ninfomaníaca, assim você me maltrata. Tenho que voltar ao trabalho...
Com Arlete não há razão para preliminares de sutilezas do cama, mesa e foda. O abraço afoito, o beijo úmido e ardente, o desejo estampado nos olhos de lince faminta como se fosse a assessorista de minhas perversões sadomasoquistas. O trabalho na Gazeta da Asa Norte que aguarde a entrevista que faria com o Renato Matos sobre Olhos D'Água, amanhã entrego no meu horário adicional. "janeiro seria breve demais ou será mais verdadeiro?"
* Martha Medeiros, em Cartas Extraviadas. L&PM Pocket, 2009.
- Arlete, sua ninfomaníaca, assim você me maltrata. Tenho que voltar ao trabalho...
Com Arlete não há razão para preliminares de sutilezas do cama, mesa e foda. O abraço afoito, o beijo úmido e ardente, o desejo estampado nos olhos de lince faminta como se fosse a assessorista de minhas perversões sadomasoquistas. O trabalho na Gazeta da Asa Norte que aguarde a entrevista que faria com o Renato Matos sobre Olhos D'Água, amanhã entrego no meu horário adicional. "janeiro seria breve demais ou será mais verdadeiro?"
* Martha Medeiros, em Cartas Extraviadas. L&PM Pocket, 2009.