sexta-feira, 17 de abril de 2009

Matthew Barney - Cremaster 5 - Proscenium Arch



Matthew Barney, artista multimídia considerado como um dos mais destacados dentre os artistas de sua geração, conhecido por seus trabalhos intricados, esteticamente impactante, de referências múltiplas e híbridas, vide sua série Cremaster. Matthew Barney criou uma recente série de filmes de arte que oferece algumas das imagens mais impressionantes vistas no cinema hoje, frequentemente com ele próprio no papel principal. O recente ciclo de filmes “Cremaster” e agora “Drawing Restraint 9,”em que ele também é ator junto com a sua mulher, a cantora Bjôrk, que assina a trilha, são filmes que existem como parte de um trabalho artístico maior e que abrangem a escultura, a performance e o vídeo em uma amplitude de perspectivas, experimentações e hibridismos que representa a diversidade de linguagens e suportes, mas também as principais inquietações presentes nas questões que marcam a obra do artista.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guillaume Apollinaire


Amadeo de Souza, Saunt du Lapin, 1911
http://casoaul.wordpress.com/

O Cavalo

Os meus sonhos formais serão teu cavaleiro,

meu destino luzindo teu belo cocheiro

por rédeas terás tensos levando à agonia,

meus versos, o modelo de toda poesia.


A Serpente

Sei que te obstinam as beldades

e que nelas com acuidade

exerceu tua crueldade!

Cleópatra, Eurídice, Eva,

sei de outras três em tua leva.


O Gato

Desejo manter em meu lar:

uma companheira a pensar,

andando entre livros um gato,

bons amigos sempre a passar

sem os quais o viver é ingrato.


A Lebre

Não sejas lascivo e assustado

como a lebre e o apaixonado,

faça com que o célebro seja

a fêmea que vários enseja.


O Rato

Belos dias, rato das horas,

roído assim faço-me idas.

Deus! foram-me vinte e oito auroras,

penso eu muito mal vividas.


A Largata

Só o trabalho é que enriquece.

Pobre poeta, à picareta!

A largata sem cessar tece

pra transformar-se em borboleta.


As Sereias

Saberei eu porque cantam entediadas

longas ladainhas durante as madrugadas?

Mas, sou como tu, onde há vozes maquinando

meus cantantes barcos são anos navegando.


Orfeu

A fatal fêmea do alcião,
o amor, as aladas Sereias,
sabem uma mortal canção
inumanas e cheias de teias.
Que não te encantem tais ruídos,
só anjos devem ser ouvidos.

( Poemas do livro O Bestiário ou Cortejo de Orfeu, de Guillaume Apollinaire. Tradução de Álvaro Faleiros. Editora Iluminuras. SP, 1997 )