quarta-feira, 26 de março de 2008
ANA CRISTINA CÉSAR
ANA CRISTINA CESAR
Poesia
jardins inabitados pensamentos
pretensas palavras em
pedaços
jardins ausenta-se
a lua figura de
uma falta contemplada
jardins extremos dessa ausência de
jardins anteriores que
recuam
ausência freqüentada sem mistério
céu que recua
sem pergunta
Flores Do Mais
Devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro olhar
sobre o galope molhado
dos animais;
devagar peça mais
e mais
e mais
Psicografia
Tambem eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar na vida)
e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
Poesia
jardins inabitados pensamentos
pretensas palavras em
pedaços
jardins ausenta-se
a lua figura de
uma falta contemplada
jardins extremos dessa ausência de
jardins anteriores que
recuam
ausência freqüentada sem mistério
céu que recua
sem pergunta
Flores Do Mais
Devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro olhar
sobre o galope molhado
dos animais;
devagar peça mais
e mais
e mais
Psicografia
Tambem eu saio à revelia
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar na vida)
e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto
sábado, 22 de março de 2008
3 POEMAS DE JORGE AMÂNCIO - Negrojorgen
Abdias do Nascimento
www.palmares.gov.br/003/00318009.jsp?ttCD_CHA...
http://www.nosrevista.com.br/2007/11/30/a-poesia-do-negro-jorge-amancio/
MINHA RAÇA
Minha raça foi escrava
infantilizada ao som das chibatadas
educada para a invisibilidade
condenada à exclusão social
Minha raça é sobrevivente
dos navios negreiros da abolição
luta pela identidade de gente
clama por justiça e igualdade
Minha raça pixaim
encabeça o coro dos descontentes
freqüência alta no necrotério
cadeia prêmio da maior idade
Minha raça de seqüestrados
anônimos Zumbis libertários
conduzem a passos largos
o caminho para a igualdade
T A O
O corpo inquieto
T A O
O corpo inquieto
dançava frenético
ao toque do tambor
Transe
O corpo trêmulo
retorcido no chão
ao toque da mão
Aquieta-se
O corpo erguido
livre da obsessão
dança
A prece dos Orixás
ESCRAVO
Sou tua propriedade
Sou tua propriedade
de uso e desuso
de objeto e abjeto
de tesão e desprezo
Sou teu escravo carente
da tua voz
de tuas carícias
de teu sexo
Sou tua propriedade
teu destino é me amar
por todas as idades
Sou teu,
escravo para sempre.
sexta-feira, 21 de março de 2008
Jorge de Lima e Murilo Mendes
http://www.releituras.com/mmendes_menu.asp - 11k
www.ucm.es/info/especulo/numero31/jorlima.html
Paixão e Arte
Jorge de Lima
Ter Arte é ter paixão. Não há paixão sem verso,,,
O Verso é a Arte do Verbo – o ritmo do som...
Existe em toda parte, ao léu da Vida, asperso
e a Música o modula em gradações de tom...
Blasfemador, ardente, amoroso ou perverso
quando a Paixão que o gera é Marília ou Manon...
Mas é sempre a Paixão que o faz vibrar diverso:
se o inspira o Ódio é mau, se o gera o Amor é bom...
Diz a História Sagrada e a Tradição nos fala
Dum amor inocente, (o mais alto destino):
A Paixão de Jesus, o perdão a Magdala
Homem, faze do Verso o teu culto pagão
e canta a tua Dor e talha o alexandrino
a quem te acostumou a ter Arte e Paixão.
Mulher Proletária
Jorge de Lima
Mulher proletária – única fábrica
que o operário tem, (fábrica de filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver,
a tua produção
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar teu proprietário
Homenagem a Jorge de Lima
Murilo Mendes
Inventor, teu próprio mito, Jorge, ordenas,
e este reino de fera e sombra.
Herdeiro de Orfeu, acrescentas a lira.
À mesa te sentaste com os cimeiros
Dante, Luís de Gongora, o Lusíada,
e Lautréamont, jovem sol negro
que inaugura nosso tempo.
O roteiro traçado, usaste os mares.
A ilha tocas, e breve a configuras:
ilha de realidade subjetiva
onde a infância e o universo do mal
abraçam-se, perdoados.
Tudo o que é do homem e terra te confina.
Inventor de novo corte e ritmo,
sopras o poema de mil braços,
fundas a realidade,
fundas a energia.
Com a palavra gustativa,
a carga espiritual
e o signo plástico
nomeias todo ente.
O frêmito e movimento do teu verso
mantido pela forte e larga envergadura.
Poder da imagem que provoca a vida
e, respirando, manifesta
o mal do nosso tempo, em sangue exposto.
Aboliste as fronteiras da aparência:
no teu Livro, fértil se conjugam
sono e vigília,
vida e morte,
sonho e ação.
Nutres a natureza que te nutre,
mesmo as bacantes que te exaurem o peito.
Aplaca tua lira pedra e angústia:
cantando clarificas
a substância de argila e estilhaços divinos
que mal somos.
Grafito Para Vladimir Maiacovski
Murilo Mendes
Um cosmonauta cantando dá volta ao cosmo
enquanto eu desfaço a barba.
Constrói-se a décima musa
economia dirigida Unatotal
que deverá mover o homem novo
Planifica-se nos laboratórios
a futura direção dos ventos
extraí-se energia das algas
opera-se o sol
Eletrifica-se a eternidade
reversível
Entretanto
O PLANETA NÃO ESTÁ MADURO
PARA A ALEGRIA.
Jorge de Lima
Ter Arte é ter paixão. Não há paixão sem verso,,,
O Verso é a Arte do Verbo – o ritmo do som...
Existe em toda parte, ao léu da Vida, asperso
e a Música o modula em gradações de tom...
Blasfemador, ardente, amoroso ou perverso
quando a Paixão que o gera é Marília ou Manon...
Mas é sempre a Paixão que o faz vibrar diverso:
se o inspira o Ódio é mau, se o gera o Amor é bom...
Diz a História Sagrada e a Tradição nos fala
Dum amor inocente, (o mais alto destino):
A Paixão de Jesus, o perdão a Magdala
Homem, faze do Verso o teu culto pagão
e canta a tua Dor e talha o alexandrino
a quem te acostumou a ter Arte e Paixão.
Mulher Proletária
Jorge de Lima
Mulher proletária – única fábrica
que o operário tem, (fábrica de filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver,
a tua produção
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas
salvar teu proprietário
Homenagem a Jorge de Lima
Murilo Mendes
Inventor, teu próprio mito, Jorge, ordenas,
e este reino de fera e sombra.
Herdeiro de Orfeu, acrescentas a lira.
À mesa te sentaste com os cimeiros
Dante, Luís de Gongora, o Lusíada,
e Lautréamont, jovem sol negro
que inaugura nosso tempo.
O roteiro traçado, usaste os mares.
A ilha tocas, e breve a configuras:
ilha de realidade subjetiva
onde a infância e o universo do mal
abraçam-se, perdoados.
Tudo o que é do homem e terra te confina.
Inventor de novo corte e ritmo,
sopras o poema de mil braços,
fundas a realidade,
fundas a energia.
Com a palavra gustativa,
a carga espiritual
e o signo plástico
nomeias todo ente.
O frêmito e movimento do teu verso
mantido pela forte e larga envergadura.
Poder da imagem que provoca a vida
e, respirando, manifesta
o mal do nosso tempo, em sangue exposto.
Aboliste as fronteiras da aparência:
no teu Livro, fértil se conjugam
sono e vigília,
vida e morte,
sonho e ação.
Nutres a natureza que te nutre,
mesmo as bacantes que te exaurem o peito.
Aplaca tua lira pedra e angústia:
cantando clarificas
a substância de argila e estilhaços divinos
que mal somos.
Grafito Para Vladimir Maiacovski
Murilo Mendes
Um cosmonauta cantando dá volta ao cosmo
enquanto eu desfaço a barba.
Constrói-se a décima musa
economia dirigida Unatotal
que deverá mover o homem novo
Planifica-se nos laboratórios
a futura direção dos ventos
extraí-se energia das algas
opera-se o sol
Eletrifica-se a eternidade
reversível
Entretanto
O PLANETA NÃO ESTÁ MADURO
PARA A ALEGRIA.
quinta-feira, 20 de março de 2008
http://www.releituras.com
Dois poemas de Vladimir Maiakovski
ALGUM DIA VOCÊ PODERIA?
Manchei o mapa cotidiano
jogando-lhe tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato
as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?
A FLAUTA-VÉRTEBRA
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balanço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verte a alegria.
Esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
ALGUM DIA VOCÊ PODERIA?
Manchei o mapa cotidiano
jogando-lhe tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato
as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?
A FLAUTA-VÉRTEBRA
A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.
Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balanço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.
Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verte a alegria.
Esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.
quarta-feira, 19 de março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
O artista cisma
que é marginal
mas não sabe
que o que lhe cabe
é o maior problema
de ser um Mandarim do sistema
líder antena
igual
talvez abaixo (eu acho)
apenas do cientista
na verdadeira lista
de importância
na sociedade da suprema ânsia
de ganância e extravagância
onde o cruel é o mel e a fragrância
e o terrível já começa na infância
o bebê nasce no hospital onde tem uma ambulância
a multidão te viu
na tevê
que te vê
e te viu
na Ti, vi
que é Tevê
em inglês
que todos nós
a esmo mesmo na escassez
se vê, não vê?
E que te antevê
e te fez tudo saber
ainda como bebê
ou até mesmo antes de nascer
sem saber raciocinar
ou aquela coisa
de escrever e ler
Bê! bê! bê!
Sirene da Ambulância
Jorge Mautner
que é marginal
mas não sabe
que o que lhe cabe
é o maior problema
de ser um Mandarim do sistema
líder antena
igual
talvez abaixo (eu acho)
apenas do cientista
na verdadeira lista
de importância
na sociedade da suprema ânsia
de ganância e extravagância
onde o cruel é o mel e a fragrância
e o terrível já começa na infância
o bebê nasce no hospital onde tem uma ambulância
a multidão te viu
na tevê
que te vê
e te viu
na Ti, vi
que é Tevê
em inglês
que todos nós
a esmo mesmo na escassez
se vê, não vê?
E que te antevê
e te fez tudo saber
ainda como bebê
ou até mesmo antes de nascer
sem saber raciocinar
ou aquela coisa
de escrever e ler
Bê! bê! bê!
Sirene da Ambulância
Jorge Mautner
Pela noite ela avança
com seu gemido de criança
vem como uma ponta de lança
é a sirene da ambulância
levando meu coração
narcotizado pro hospital da esperança!
“E a noite de verão caiu como se fosse
um doente narcotizado em cima da cama
de um hospital.” (T.S.Elliot)
com seu gemido de criança
vem como uma ponta de lança
é a sirene da ambulância
levando meu coração
narcotizado pro hospital da esperança!
“E a noite de verão caiu como se fosse
um doente narcotizado em cima da cama
de um hospital.” (T.S.Elliot)
sexta-feira, 14 de março de 2008
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com
Tempo de Poema Tiburcino
Salatiel Ribeiro
O tempo diz ser longe o mar
o poema perto a maré
garças piscívoras dançam
tuas corrossões de rede
e o poeta se abana
com leque de rabo de sereia
Paixão
Ramsés Ramos
Paixão ligeira
será essa a maneira?
Paixão vadia
onde tanto iria?
Paixão atroz
quem seria o algoz?
Paixão miúda
vezes mais aguda
Paixão suave
leve ave
Paixão amorosa
perfume da rosa
Paixão platônica
quase canônica
Paixão Suicída
morte em vida
Paixão mortal
luto, afinal
o poema perto a maré
garças piscívoras dançam
tuas corrossões de rede
e o poeta se abana
com leque de rabo de sereia
Paixão
Ramsés Ramos
Paixão ligeira
será essa a maneira?
Paixão vadia
onde tanto iria?
Paixão atroz
quem seria o algoz?
Paixão miúda
vezes mais aguda
Paixão suave
leve ave
Paixão amorosa
perfume da rosa
Paixão platônica
quase canônica
Paixão Suicída
morte em vida
Paixão mortal
luto, afinal
Paixão
movimento vão?
movimento vão?
quarta-feira, 12 de março de 2008
http://www.beatrix.pro.br/literatura/baudelaire.htm-42k-
Dois Poemas em Flores do Mal
Charles Baudelaire
Música
A música me leva como um mar amargo!
À meu pálido astro,
sob um teto de bruma ou por éter largo,
iço a vela ao mastro
O peito para a frente e os pulmões já inflados
tal qual uma tela,
subo o dorso dos vagalhões amontoados
que a noite me vela
Sinto vibrar em mim o tropel das paixões
de uma nave sofrendo;
o bom vento, a tormenta e suas convulsões
Sobre o abismo horrendo me embalam.
Outra vez na calma ela é o reflexo
do meu ser perplexo.
Uma gravura Fantástica
Outro enfeite não tem este espectro faceto
a lhe dourar grotesco a fronte de esqueleto
senão diadema cruel de carnaval.
Sem espora ou chicote,exaure o seu bagual,
como ele fantasmal, rocim de bruxaria,
a narina a escorrer como na epilepsia,
e mergulham os dois pelo infinito espaço,
e calcam o amplo céu com seu incerto passo.
O cavaleiro estende um sabre que flameja
sobre as turbas sem nome e que assim esquarteja,
percorre como um rei, inspecionando a casa,
o cemitério imenso em que não arde brasa,
em que repousa à luz de um sol pálido e tenro
quanto povo existiu desde o antigo ao moderno.
domingo, 9 de março de 2008
Música, Henri Matisse
319 x 425 - 45k - jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Pinturas_de_Henri_Matisse-14k-
Todo Dia é Dia Dela
José Edson dos Santos
O mito de Eva nasceu da costela de Adão. Com ela surgiu o pecado original e o mistério que as Mulheres costumam produzir. Nos diferentes ritos da natureza humana, ela sabe que a vida é uma constante simbiose e que essa alquimia de viver, é o mais sagrado dos rituais. Ela é clarividente das estações em perfeita harmonia com os astros e constelações e se leva no movimento dos ventos, sentindo a chuva, contemplando os fenômenos da natureza no seu êxtase maravilhoso. Acolhe as florestas, os rios, os pássaros. Possibilita o sol e a lua que molduram sua janela de quintessência. Ela traduz um presente inesperado em nosso imaginário de amor e morte, de paixão e loucura. A humanidade conhece a substância de seu tecido. O perfume embriagador e fatídico de sua presença ao lado do homem concebeu Cleópatra, Lou Salomé, Anais Nin, Frida Kahlo, Olga Benário, Pagu, Luz Del Fuego, Elvira Pagã, Marisa Montini. São tantas outras que somam a luta de todos os dias por entre conquistas e sonhos, dos dias e das noites que testemunham e celebram esse mistério da existência. Agora, nesta diversidade cultural incomensurável, são tantas outras costelas: são putas, donas de casa, peruas, empresárias, beatas, porras-loucas, professoras e operárias. São imprescindíveis no entanto, as mulheres que tanto amamos. Como disse o cronista, Deus criou o mundo em seis dias, no domingo descansou e na segunda criou a Mulher. Ela é eternamente Mulher.
319 x 425 - 45k - jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Pinturas_de_Henri_Matisse-14k-
Todo Dia é Dia Dela
José Edson dos Santos
O mito de Eva nasceu da costela de Adão. Com ela surgiu o pecado original e o mistério que as Mulheres costumam produzir. Nos diferentes ritos da natureza humana, ela sabe que a vida é uma constante simbiose e que essa alquimia de viver, é o mais sagrado dos rituais. Ela é clarividente das estações em perfeita harmonia com os astros e constelações e se leva no movimento dos ventos, sentindo a chuva, contemplando os fenômenos da natureza no seu êxtase maravilhoso. Acolhe as florestas, os rios, os pássaros. Possibilita o sol e a lua que molduram sua janela de quintessência. Ela traduz um presente inesperado em nosso imaginário de amor e morte, de paixão e loucura. A humanidade conhece a substância de seu tecido. O perfume embriagador e fatídico de sua presença ao lado do homem concebeu Cleópatra, Lou Salomé, Anais Nin, Frida Kahlo, Olga Benário, Pagu, Luz Del Fuego, Elvira Pagã, Marisa Montini. São tantas outras que somam a luta de todos os dias por entre conquistas e sonhos, dos dias e das noites que testemunham e celebram esse mistério da existência. Agora, nesta diversidade cultural incomensurável, são tantas outras costelas: são putas, donas de casa, peruas, empresárias, beatas, porras-loucas, professoras e operárias. São imprescindíveis no entanto, as mulheres que tanto amamos. Como disse o cronista, Deus criou o mundo em seis dias, no domingo descansou e na segunda criou a Mulher. Ela é eternamente Mulher.
sábado, 8 de março de 2008
Reminiscência
IVAN MONTEIRO
O jeito como aprendo
as palavras
já me é
quase um poema
Reminiscência, por exemplo
traduzi do mineiro antigo
como coisa que o menino
mais criança
faz
Recomposição
IVAN MONTEIRO
retratos, recados,
confraria de agrados
e atenções
flores, perfumes, bombons,
sabor de doce melancia
ela queria dar-me a vida
eu já tinha adormecido
à janela
já era
amarelecido de tristeza
já era mesmo mal gerido
IVAN MONTEIRO
O jeito como aprendo
as palavras
já me é
quase um poema
Reminiscência, por exemplo
traduzi do mineiro antigo
como coisa que o menino
mais criança
faz
Recomposição
IVAN MONTEIRO
retratos, recados,
confraria de agrados
e atenções
flores, perfumes, bombons,
sabor de doce melancia
ela queria dar-me a vida
eu já tinha adormecido
à janela
já era
amarelecido de tristeza
já era mesmo mal gerido
sexta-feira, 7 de março de 2008
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